A Traíra
Uma espécie que caça de emboscada. Prefere águas paradas (lênticas),
dando-se muito bem em lagos e açudes, mas está presente nos rios com constância,
situando-se predominantemente nos remansos deste.
Tem o corpo cilíndrico e alongado, como um torpedo.
Apresenta cor discreta, podendo, em função de fatores ambientais,
o mesmo indivíduo alterar significativamente o tom desde o bem claro como areia,
até um chumbo bastante escuro e marmoreado,
ficando especialmente clara quando em ambientes ensolarados e com areia clara ao fundo.
Algumas variedades geográficas apresentam olhos lindamente verdes,
outras vermelhos, outras ainda, cinzentos ou indistintos, etc.
Pode caçar o dia todo, mas prefere horários crepusculares, sobretudo ao anoitecer.
Quando uma possível presa se aproxima de sua área de alcance,
que geralmente á inferior à um metro, a traíra ataca partindo de quase total imobilidade,
dando um bote fulminante, absolutamente explosivo.
Sua grande e forte boca, dotada de pontiagudíssimos dentes,
agarra e mantém fortemente apertada e presa a sua vítima.
Engole inteiro, mas podendo demorar muitos minutos neste processo, se sua vítima for grande.
Ela normalmente ataca presas que lhe cabem longitudinalmente na boca,
não importando seu comprimento.
Por esta regra, uma traíra pode comer outra com a metade do seu tamanho, ou até mais.
Ela regula sua bexiga natatória para pairar imóvel no meio da massa d'água, com grande precisão
mas geralmente fica apoiada em meio à vegetação aquática,
próxima a barrancos, ou quase encostadas sob galhos submersos.
Ao anoitecer, costuma caçar movendo-se lentamente pelas margens e baixios,
à procura de pequenos peixes e anfíbios.
Dicas para pesca
No grande interior brasileiro, é pescada com a tradicional linha de mão,
ou com uma vara grande. Exige um bom puxão de fisgada,
já que sua boca é bastante dura para o anzol.
Pode ser utilizado um forte anzol de uns 5 a 7 cm de comprimento,
e de 2 a 3 cm de abertura, sempre acompanhado de empate metálico,
pois ela facilmente corta a linha.
A isca para grandes exemplares, deve ser também grande.
O máximo que caiba na boca do peixe,
pois assim, desestimula-se a investida dos pequenos.
(Traíras geralmente não abocanham vítimas que não passam na sua boca).
O anzol deve ficar semi submerso, ou pouco submerso, mas não repousado no fundo.
Para tal, pode ser auxiliado por bóia, ou utilizada isca artificial.
Arremessos devem percorrer lentamente margens, vegetais, troncos submersos, etc.,
ou mesmo ficarem à espera, quando com isca animal.
Traíra, tem médio olfato, excelente audição, e uma especial visão, inclusive noturna.
É uma caçadora visual e auditiva por excelência.
Arremessos freqüentes em um mesmo local, podem atrair esta espécie,
mas sons incomuns para o local, como vozes, e pisoteios nas proximidades,
poderão espantá-los.
Traíras condicionam-se muito bem aos tratamentos alimentares freqüentes de uma ceva,
mas não apresentam-se numerosas nem em cardumes, por serem predadoras
e estarem no topo da cadeia alimentar dos ambientes de pequenos peixes.
A graça e esportividade da sua pesca está na estratégia e habilidade do pescador
em capturar grandes exemplares, e não na luta do peixe,
pois apesar de ser espécie muito forte, não é "lutadora" como uma pandorga.
Quando capturada com anzol, pode ser solta sem grandes problemas,
pois possui boca muito forte.
Quando capturada com rede,
morre facilmente pois fica com os opérculos respiratórios apertados,
impedindo sua oxigenação.
Alguns perigos e recomendações para a criançada
Muitos cuidados devem ser tomados para se manusear a traíra viva,
pois o peixe é muito liso e dá uma rabanada surpreendente e muito forte, saltando da mão com facilidade.
Poderá morder mesmo depois de horas fora d'água, se o dia estiver úmido e fresco.
Sua mordida é muito doída.
Eventualmente, o peixe pode ficar agarrado com os dentes apertadamente,
que mesmo cravam nos ossos dos dedos, e por vezes, ainda dá uma "mastigadinha",
ou até uma rabanada enquanto agarrado.
Pode ser um pouco demorado retirar sua boca da mão da vítima,
(ou do pé), e neste momento de dor, cada segundo é uma infinidade.
Pode ser uma idéia, decepar a cabeça do peixe, mas geralmente
basta abrir sua boca com uma ferramenta qualquer.
Acidentes assim são muito raros, pois a prevenção é bastante simples,
e as conseqüências geralmente inexpressivas.
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